Conhece o percurso do GRITAH

Apresentamo-nos hoje como Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD), com particular foco nos Direitos Humanos, mas a nossa história desperta modestamente, em setembro de 2014. 

Começamos esta jornada como um grupo de jovens amigos, movidos pelo mundo que nos rodeia – todas as suas injustiças e disparidades, mas, em igual medida, motivados pela inabalável crença na valência da solidariedade e do altruísmo como matrizes comuns a almejar. 

Nessa altura, o programa “Príncipes do Nada”, apresentado por Catarina Furtado, na RTP1, foi o desencadeador que despertou em nós a centelha necessária: estava instigada a razão de ser da nossa associação, corroborada no nome que lhe viria a dar origem. O GRITAH – Grupo de Intervenção e Ação Humanitária – abraçou, então, como seu propósito fundador a construção de um centro escolar, cultural e cívico, na Guiné-Bissau, uma infraestrutura sustentável e com efetivo e duradouro impacto numa comunidade carenciada. 

Este objetivo basilar traduz aquele que é o nosso esforço primário de promover a Educação, a Cultura e o respeito pelos Direitos Humanos, como veículos que favorecem o desenvolvimento humano justo e sustentável das comunidades a longo prazo. 

Os primeiros anos de vida do GRITAH pautaram-se por construir as bases fundacionais sobre as quais sustentamos este nosso propósito. Começamos a colocar mãos à obra, e com a ajuda de contribuições dos nossos membros fundadores e da comunidade da cidade da Lixa, conseguimos adquirir uma carrinha, a nossa Bedford Seta, ao volante da qual recolhemos e juntamos dezenas de milhares de quilogramas de papel e cartão, que vendíamos como forma de arrecadar fundos para o próximo passo da nossa missão: visitar a Guiné-Bissau, conhecer o território que inspirou toda a nossa razão de ser, fazer um diagnóstico social da comunidade, estabelecer parcerias e contactos com entidades locais e apoiar atividades de educação e formação. Assim se fizeram os preparativos para a edificação tangível daquilo que, até então, era “só” sonho.

Já mais crescidos e oficialmente registados como entidade com personalidade jurídica, organizamos em 2015 a conferência “Direitos Humanos no Séc. XXI”, seguida do nosso primeiro Jantar Solidário, onde reunimos mais de 400 pessoas em consciencialização da nossa atuação. Com o interesse e a curiosidade despertados na nossa comunidade mais imediata, abraçamos a aventura humanitária de viajar até à Guiné-Bissau. Aquela viagem permitiu-nos atravessar a realidade progressivamente mais endurecida do continente africano e, na contingência de um jipe, pudemos comprovar a brutalidade do sofrimento humano – sobretudo o de centenas de crianças, que nos abordaram com tanto entusiasmo, mas cujos olhares interpelavam as indiferentes e resignadas consciências da Comunidade Internacional. 

A Guiné-Bissau foi a nossa melhor amiga durante o mês que lá estivemos. Demos formação aos jovens, visitamos escolas, universidades e hospitais, fornecemos material para a prática de desporto e reunimos com o Ministério da Educação. Mais do que espalhar a mensagem, queríamos doar o jipe à comunidade guineense e vivenciar uma aventura humanitária que nos proporcionasse o contacto com diversas culturas e diferentes graus de desenvolvimento que o continente africano tem para apresentar. Reforçamos a nossa convicção da necessidade da construção de uma escola, fruto do apelo da comunidade local, e tivemos a honra de testemunhar, em primeira mão, a motivação de todos os envolvidos, em especial o ânimo dos jovens, em contribuir para a sua fruição.

Não paramos nunca. Mesmo em aparente silêncio, fomos realizando atividades que nos permitiram crescer, organizar e projetar o futuro. Em 2017, apadrinhamos um menino queniano de 15 anos, o Wilson Magere, auxiliando a progressão dos seus estudos, e voltamos a realizar uma segunda edição do Jantar Solidário, somando com a presença de mais de 500 pessoas. Entretanto, e após mais iniciativas solidárias como saraus, exposições, caminhadas e participação nas marchas da nossa cidade fundadora, contando sempre com um apoio destacado do Município e da Comunidade Intermunicipal, completamos já quatro missões no terreno, apoiadas pela Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição. 

As ações desenvolvidas pelo GRITAH já resultaram na entrega de material escolar e de saúde, formação e capacitação de jovens e mulheres, apoio em atividades extracurriculares, criação de uma sala de música autodidata e a entrega de dois jipes à comunidade. A cada missão, trazemos uma Guiné-Bissau resiliente, alegre, enérgica, inteligente, que se orgulha muito da sua cultura e tradições, ainda que condenada a um estado de carência financeira e a nível de infraestruturas considerável.

A necessidade urgente de Educação para as milhares de crianças que não têm uma escola para onde ir, onde possam aprender e explorar talentos é o que nos fez idealizar um projeto diferenciador, onde a educação e a cultura se fundem e dão origem a um centro cívico para a promoção da cultura lusófona e humanista, na esperança de construir uma plataforma de debate sobre o futuro comum da humanidade, sempre na tutela de e através da consciencialização e defesa dos Direitos Humanos. Um projeto para a comunidade, com consciência ecológica e respeito pela cultura local, porque sabemos que é pelo coletivo que construímos a aprendizagem e mudança.

O extraordinário entusiasmo com que os jovens abraçam os direitos humanos constitui um verdadeiro horizonte de esperança que fundamenta a nossa crença de que ainda vivemos num mundo em que possa prevalecer a justiça e a paz entre povos e nações. E, também nós, de um sonho de jovens estudantes da cidade da Lixa, aparentemente distante e utópico, materializamos hoje uma realidade cada vez mais concreta e tangível: em breve começamos as obras em Cúmura, uma zona em crescimento próxima de Bissau. 

No umbral desta porta que estamos prestes a cruzar, em união, em comunidade, refletimos nesta nossa história que nos trouxe até hoje. A estrada não acaba aqui, e ainda temos muito pela frente, muitos desafios a enfrentar, e não nos falta a irrefutável e profunda vontade de fazer tudo a nosso alcance para garantir esse prometido futuro comum da humanidade. 

A viagem pode ser dura, com estradas sinuosas, mas o caminho e a vista serão sempre mais gratificantes. Destes anos levamos amor, entreajuda, uma vontade desmedida de ajudar, sem amarras, que nos fortalece e preenche a cada dia. Hoje, estamos mais fortes e unidos, para vos contar como é bela esta aventura e como contamos convosco para, juntos, fazermos o impossível possível. Um futuro em conjunto só pode ser um futuro promissor!

GRITAH, 2024