A nossa história faz-nos recuar até outubro de 2010.
Depois de visualizarmos o programa “Príncipes do Nada”, com a Catarina Furtado, na RTP1, algo de diferente despertou em nós e, desde aí, tudo foi diferente.
Dizem que há coincidências, acasos mais que muitos, mas gostamos de acreditar que o universo se uniu num só momento, com as pessoas certas, para fazer acontecer e começar a criar uma associação, a que iríamos dar o nome de GRITAH – Grupo de Intervenção e Ação Humanitária.
O propósito estava definido, as pessoas reunidas, e não queríamos, como não queremos, que a nossa ação fosse reduzida a um apoio pontual e não sustentado. Muito pelo contrário, queríamos mais e melhor e, por isso, decidimos que o nosso projeto se ia consubstanciar, em termos materiais, no apoio à construção de uma infraestrutura sustentável e com efetivo e duradouro impacto numa comunidade carenciada: uma escola, assente sempre nos Direitos Humanos.
2013 foi o ano em que começamos a colocar mãos à obra e, com a ajuda de contribuições dos fundadores, da D. Adelaide (Pizzaria Dakar – Lixa) e da venda de postais de sensibilização dos Direitos Humanos, conseguimos adquirir uma carrinha, a nossa Bedford Seta. Com ela, recolhemos dezenas de milhares de quilogramas de papel, cartão e plástico (“lixo”) que vendíamos à empresa Silclagem – até 2015 vendemos cerca de 200 000 quilogramas. E, em setembro de 2014, oficializamos o nosso projeto, tornando-o numa entidade com personalidade jurídica.
O tempo foi passando e a vontade de trabalhar era cada vez maior. E, por isso, reunimos esforços e realizamos a conferência “Direitos Humanos no Séc. XXI”, que contou com a presença do Senhor Professor Adriano Moreira, Padre Almiro Mendes, Dra. Maria Luísa Oliveira e Luísa Timóteo, seguida de um jantar solidário, onde estiveram reunidas mais de 400 pessoas.
E, a 8 de novembro de 2015, a magia aconteceu. O David Cerqueira, o Tiago Cardoso e o Daniel Nogueira partiram de jipe para a Guiné-Bissau. Mais do que espalhar a mensagem, queríamos doar o jipe à comunidade guineense e vivenciar uma aventura humanitária que nos proporcionasse o contacto com diversas culturas e diferentes graus de desenvolvimento que o continente africano tem para apresentar.
A Guiné-Bissau foi a nossa melhor amiga durante o mês que lá estivemos. Demos formação aos jovens, visitamos escolas e universidades, entramos no Hospital Nacional Simão Mendes, fornecemos material para a prática de andebol e reunimos com o Ministério da Educação.
Regressamos a Portugal e, em 2017, apadrinhamos um menino queniano de 15 anos, o Wilson Magere, para que conseguisse prosseguir os seus estudos e voltamos a realizar o II Jantar Solidário, que contou com a presença de mais de 500 pessoas.
Em 2018, o GISC (Grupo de Intervenção Social e Comunitária) deu os primeiros passos com o projeto “Retrato Fotográfico do Envelhecimento” e, um ano depois, o José Costa e o Rui Fonseca colocaram a mochila às costas para ensinar os meninos guineenses a tocar guitarra, piano, percussão e a desenvolver as suas aptidões artísticas no desenho e na pintura.
Não paramos nunca. Mesmo que em aparente silêncio, fomos realizando atividades que nos permitiram crescer, organizar e projetar o futuro e a maior resposta a isso é sermos, hoje em dia, uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD).
2021 foi também o ano em que a Carolina e a Daniela regressaram à Guiné-Bissau, com o objetivo de fazer um diagnóstico social da comunidade, estabelecer parcerias e contactos com entidades locais e apoiar atividades de educação e formação.
Ao longo do tempo, identificamos as necessidades das comunidades, reforçamos a nossa convicção da construção de uma escola neste território e testemunhamos a motivação dos jovens em contribuir para a mudança.
A viagem pode ser dura, com estradas sinuosas, mas o caminho e a vista serão sempre mais gratificantes. Destes anos levamos amor, entreajuda, uma vontade desmedida de ajudar, sem amarras, que nos fortalece e preenche a cada dia. Levamos uma Guiné-Bissau resiliente, alegre, enérgica, inteligente, mas pobre, com uma necessidade urgente de Educação para as milhares de crianças que não têm uma escola para onde ir, onde possam aprender.
Hoje, estamos mais fortes e unidos para vos contar como é bela esta aventura e como contamos convosco para, juntos, fazermos o impossível possível.